JOSÉ PACHECO DANTAS E O SEU GRANDE AMOR PELO CEARÁ-MIRIM
POR FRANCISCO MARTINS NETO
NASCEU EM 1877 – PATRONO DA
FERROVIA NATAL À CEARÁ MIRIM
Ele venceu, sim, inegavelmente ele foi vitorioso. Não foi fácil, mas esqueceram
de dizer que também não era impossível. Então, como todo jovem sonhador José
traçou seus planos. Nada naquela época era como hoje. Ceará Mirim era uma
cidade desprovida de infra-estrutura, pouca coisa havia aqui. Cinquenta ruas
(apenas uma calçada), três praças, um colégio (o Santa Águeda), a Igreja com
suas torres altas, orgulho da terra. Não tinha ainda a estrada de ferro Sampaio
Correia que liga Natal a Ceará Mirim. José vivia seus dezoito anos em 1897.
Filho do Coronel Felismino Dantas, proprietário de vários engenhos e pai de
catorze filhos, sendo José o primogênito. Em Ceará Mirim, o professor Zózimo
Fernandes foi quem primeiro o ensinou a ler e escrever, depois, José estudou um
período no Colégio Atheneu, em Natal, mas não chegou a concluir os estudos.
Com dezesseis anos, em 1894, José funda em Ceará Mirim o jornal “O Eco
Juvenil”, um órgão literário. Três anos depois viaja para Recife e de lá até o
Rio de Janeiro. Seus primeiros meses no Rio não foram fáceis; dormia no chão
forrado com jornais, comia em restaurantes humildes, e quando acabou o dinheiro
teve a coragem de pedir um prato de comida num restaurante que pertencia a um
português, em troca de serviço. O português notou ser aquele rapaz um jovem
íntegro e o acolheu em seu estabelecimento, dando-lhe alimento sempre que ele
tivesse fome.
José anotou todas as refeições e tão logo recebeu seu primeiro salário, propôs
o pagamento ao comerciante, mas este persistiu em sua extrema bondade. José
Pacheco Dantas abraçou a vida em suas variadas nuances, foi uma espécie de Office
boy, depois trabalhou na Biblioteca Nacional, nos jornais “Cidade do Rio”,
“Folha da Tarde”, “Jornal do Brasil” e no “O País”, nestes jornais foi revisor,
chegando a redator, diretor e até mesmo proprietário de um jornal: “A Gazeta do
Norte”, fundado em 1912, circulando dito periódico até 1930.
Paralelo a esta labuta, José continuou seus estudos. Terminou o clássico (um
período que corresponde ao Ensino Médio) e aos vinte e dois anos ingressa no
curso superior. Com vinte e sete anos já é doutor em medicina, além de
odontólogo e farmacêutico.
Em 1906 Doutor José Pacheco Dantas vem a Ceará Mirim e casa-se com Dona Isabel
da Cunha (bisneta do Barão Manoel Varela) na Casa do Guaporé. Volta ao Rio, mas
nunca deixou de lutar por sua terra. Amou-a infinitamente, faleceu aos oitenta
e três anos, no dia 24 de julho de 1961. Seu túmulo está forrado com terra de
Ceará Mirim e sob sua cabeça foi posto um travesseiro de areia alva e fina que
ele mesmo levou daqui.
Este foi José Pacheco Dantas, filho deste vale, nascido no Engenho Guarani, um
homem que cantava a beleza da sua terra e desafiava a todos que duvidassem de
suas palavras: “Todo aquele que duvidar destine-se a visitar esta cidade e verá
se não fica abismado ante o painel sublime que oferece a natureza” (Pacheco
Dantas em 1896).
Com muita justiça, em 1945, o então prefeito de Ceará Mirim, Ângelo Pessoa
Bezerra, criou pelo Decreto-Lei nº 76, de 14 de agosto daquele ano, a
Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas.
FONTE - SITE ACADEMIA CEARÁ-MIRINENSE DE LETRAS E ARTES “PEDRO SIMÕES NETO”